mand e eu



... Depois de um longo dia de trabalho, ela o tinha visto de longe, então foi cumprimentá-lo:

- Oi, disse ela
- Cuidado com seus passos, pense bem antes de fazer qualquer coisa, o verdadeiro amor pode estar bem a sua frente, como um espelho.

Ela por sua vez não entendeu o que ele quis dizer com aquela frase.
E ele saiu sem dizer mais nada...



Tudo começou depois deste sonho, ela estava anestesiada, mas de quê? Nada havia acontecido.
Ela já o observava há algum tempo, eles nunca tinham trocado sequer uma palavra, embora o seu olhar a intrigasse. Parecia que queria dizer algo, ela não sabia explicar, mas era perturbador. Neste dia ela não conseguiu parar de pensar no que acontecia, os olhares intensos e sonhos inesperados.



“... O tempo havia passado. Se tornaram amigos, amigos de verdade, se divertiam juntos, até dividiam comida quando precisavam. O tempo de um era o mesmo do outro, estavam sempre lado a lado..."

Pela segunda noite ele a visitara em seus sonhos. O que estava acontecendo? Pareciam cenas que ela teria de desvendar. Ela sentia tudo, porém já não sentia mais nada.
Sua rotina continuou sem grandes emoções, tudo parecia normal. Mas e ela? Ah! Ela já não sabia.



“... Você por aqui? Nossa que surpresa! Nunca imaginei que viria aqui em casa!
Conversaram sobre tudo que havia lhe acontecido durante o tempo que não se viam, ele falava sobre a importância dela em sua vida. Então a olhou profundamente nos olhos e disse:
- Você, quer casar comigo? Eu te amo.
  Ela realmente não esperava aquilo, mas sempre o amara também.
- Aceito, claro que aceito!
Com o decorrer dos preparativos, algo os impediram de casar, ele infelizmente mudou de cidade.
Anos se passaram, e ela nunca desistiu de sua felicidade, Deus os unira e nada podia os separar.
Então decididamente ela foi para a cidade em que ele se encontrava, conseguiu o seu endereço foi encontrá-lo. Chegando lá, ela o vira sentado na varanda, triste e pensativo. Ela o surpreendeu com uma pergunta:
- Então, você ainda quer se casar comigo?
Ele a olhou e deu o sorriso mais feliz que ela já vira
- Sim, meu amor!
Dessa vez nada os impediria, enfim, se casaram... "



O celular tocou...
Ela acordou, desligou o despertador e lembrou-se do sonho. Esses sonhos estavam cada vez mais intensos, principalmente pelo fato dela ainda não ter a certeza de nada... Um estava ali sempre com ela, era real. Porém, o outro parecia ser tudo que ela sempre quis, mas não era nada concreto, apenas aquela troca de olhares toda vez que se viam e aqueles sonhos que se repetiam.
"Porque justamente agora começo a ter sonhos tão nítidos?" Era o que ela se perguntava. Realmente, nunca havia sonhado assim. Se ela contasse a alguém poderiam até achar graça, mas era como se fosse um seriado e este último episódio foi o mais assustador.


Já se passara uma semana e ela começava a se machucar com aquilo, ainda mais por saber que ao lado seu lado havia alguém que ela gostava muito.  Estava confusa, não queria magoar ninguém.
Em um sábado à noite teve uma sensação de certeza, porém não era a resposta que ela procurava. Apenas uma forte certeza de que tudo iria se resolver, apesar de confiar nisso não conseguia impedir os pensamentos que a rodeavam.
O que será que aquela frase do primeiro sonho queria dizer? De tanto pensar definiu duas possíveis interpretações.
A primeira é que aquelas palavras poderiam se referir a ela, o seu próprio reflexo no espelho, seria alguém que a refletisse, que fosse parecido com ela ou que a amasse verdadeiramente. A segunda ela tira do fato de que seria algo que está à frente dela, ou seja, em um nível elevado. 
A ambiguidade nas interpretações estava evidente. Sobretudo eram apenas teorias, precisava esperar a resposta e apesar de tudo isso ela ainda se mantinha calma.


Inicio da semana e ela acordou feliz por não ter sonhado com ele, porém hoje o “pesadelo” seria real, naquele dia a única certeza que tinha era que o veria.
Então depois da faculdade foi para o curso e encontrar ele seria inevitável. Toda vez que o olhava lembrava-se daqueles sonhos e isto fazia ela se sentir eufórica, o que já estava deixando de certo modo irritada por saber que não tinha o direito de se sentir assim, afinal eram só sonhos e ela nunca acreditou neles.
O encontro foi igual, resumira-se em olhares e aquilo a intrigava mais do que qualquer palavra.


 Estava acumulando sensações, como a que ele causava toda vez que ela o via e a de não conseguir entender porque alguém que ela mal conhecia tinha tamanha capacidade de levá-la a loucura apenas por existir, ela, por sua vez, não queria - conseguia - classificar, ela não estava disposta nem a tentar pensar, era difícil considerar que estava se apaixonando por ele, ainda mais que não estava totalmente livre
Era mais uma experiência diferente, ela queria a resposta e ao mesmo tempo queria poder não saber. Sabia que aquilo tudo deveria acabar, porém, achava melhor se nem tivesse começado. Estava como a própria contradição - tudo parecia perto de tomar um rumo e ao mesmo tempo não-, tão dividida que qualquer que fosse o caminho que esta história a levasse, se machucaria, sentia que de qualquer modo iria perder, mas mesmo assim preferiu continuar, talvez acontecesse o contrário do que ela imaginava.

Vagamente se lembrou do outro rapaz que dizia "gostar” dela, tudo parecia tão difícil de resolver, apesar de não ser a pessoa certa e de não gostar dele, seria algo complicado de se resolver, pois não queria machucá-lo. Optou então pelo caminho e pelas palavras que tornariam aquela situação mais simples. Marcou um encontro com ele para conversarem.

- Olá
- Olá, disse ele.
- Quero ter uma conversa o mais amigável possível com você
- Claro, temos tempo suficiente para isso
- Então, nós dois vimos no decorrer desse tempo, que não estamos nos dando muito bem, você é uma ótima pessoa, mas ao que me parece, não está pronto para novos desafios e novas mudanças como eu estou, isso tem dificultado nosso começo de relacionamento. Quero alguém com as mesmas metas que eu, que corra atrás de sonhos, e antes de tudo quero alguém que sirva a Deus como eu sirvo. E você não me parece entusiasmado para isso.
- Entendo... Eu gosto muito de você e não queria que fosse desse jeito, mas realmente não estou preparado, me desculpe.
- Não me peça desculpas, eu entendo perfeitamente a sua escolha, vejo que a melhor saída é continuarmos como amigos, e se for da vontade de Deus, iremos ficar juntos novamente, mas caso queira mudar, mude por amor a Ele, e não para me agradar.
- Sem problemas, preciso ir. Disse ele friamente
- Ok, Boa noite
- Boa noite, tchau.

Aquele momento foi realmente tenso, porém ela tomou a melhor decisão. Agora precisava resolver sua vida. Essa sua atitude com aquele rapaz foi apenas o começo de tudo que ainda iria fazer, ao que parece ela estava começando a se decidir, porém precisava desabafar com alguém antes de dar o próximo passo. Rapidamente sua única amiga veio a sua mente, e viu que precisava desabafar com ela, decidiu ligar.

- Alô?
- Oi, Preciso mesmo conversar com você, ainda são 19 hrs, não está muito tarde, então podemos nos encontrar na praça agora ?
- Claro querida, daqui a 20 minutos estarei lá, respondeu sua amiga.
- Perfeito, beijos, tchau.

Enquanto se arrumava para encontrar a sua amiga, não parava de pensar no que iria ser feito e as coisas ficavam cada vez mais claras em sua cabeça, a decisão estava praticamente tomada.
Ao chegar à praça, sentaram-se no mesmo banco de sempre e conversaram. Ela contou toda a história falou da conversa que teve com o outro rapaz, sua amiga ao ouvir o relato da conversa, concordou com a atitude, afinal eles estavam em rumos diferentes e o mais importante, ela não sentia nada por ele.
Falaram também do garoto misterioso que era colega de sua amiga, ela não ficou tão surpresa com a revelação, afinal já havia notado a troca de olhares entre os dois.

- Então... Eu sinto algo por ele, pode parecer estranho, mas toda vez que o vejo... Há algo nos olhos dele que parece me chamar, ele parece querer sempre contar algo, misterioso e ao mesmo tempo transparente. No entanto eu não quero conversar com ele e tornar a sua vida uma bagunça por isso. 
- Bem...
- O que foi? Você quer me dizer algo, desde a hora que eu falei dele você está inquieta o que é?
- Como eu disse que já desconfiava, não vou te enganar e dizer que o motivo dessa agonia é a surpresa.
- Então? Disse ela preocupada.
-Eu vou te falar, acho que você precisa saber disso antes de tomar qualquer decisão... Ontem ele veio conversar comigo e me disse o mesmo que você.
- Como assim? Ela disse assustada.
- Ele disse que sente algo por você, que quando te vê, sente alguma coisa.

Ficou tão surpresa que não fez mais nenhuma pergunta, não pediu para saber da conversa, ela apenas ficou um bom tempo em silêncio tentando assimilar aquilo tudo. Depois de alguns minutos ela disse:
- E então o que eu faço?
- Cabe a você decidir.

Depois disso, elas foram embora, o tempo havia passado muito rápido e já estava tarde.
No caminho e durante os outros dois dias que se seguiram não parou de pensar.
Na segunda de manhã se arrumou e saiu, ela já estava decidida... À tarde assim que chegou ao curso o avistou, ele estava do lado de fora parecia um pouco inquieto.

- Oi. 
- Oi, respondeu ele

E ao mesmo tempo disseram:

- Precisamos conversar...



 

"Infelizes são aqueles que... Copyright © 2012 Design by Antonia Sundrani Vinte e poucos